Compreendendo a Relação entre Dor e Depressão
Hoje, gostaria de abordar um tema relevante para muitos de vocês que sofrem com dor crônica: o uso de antidepressivos no tratamento desse quadro doloroso.
Quando vou prescrever um antidepressivo ao meu paciente, eu gasto tempo da minha consulta, explicando quais os motivos, para que o meu paciente não tenha o errado pensamento de que estou passando um antidepressivo por achar que a dor vem da cabeça dele (Sim, eu já escutei isso em consulta!)
A dor crônica está completamente relacionada à tristeza e ansiedade. Tanto no sentido de que quanto mais tempo convivendo com a dor, com o sofrimento físico e emocional gerado… mais depressivo, mais irritado, mais ansioso a pessoa vai ficando…e isso é natural! [E aí vai se tornando uma bola de neve, a dor crônica levando à depressão e a depressão piorando a dor crônica.]
Mas o que eu quero falar hoje para vocês é que as vias que transmitem a depressão, a ansiedade, o estresse… estão completamente relacionadas às vias que transmitem a dor.
Quem não conhece alguém da família (ou até você mesmo) que quando passa por períodos de muitos problemas parece que toda dor piora? E que quando tá mais feliz, às vezes até viajando, a dor melhora ?
E quem não tem alguém da família pra julgar dizendo: “Tá vendo? Isso é frescura!”
Não, isso não faz a dor ser frescura!
Isso não faz a dor ser inventada!
Isso é fisiológico! A química, os hormônios envolvidos na transmissão da dor explicam isso!
Assim como também explicam o uso de antidepressivos no auxílio do manejo da dor! Ao passar um antidepressivo para dor, muitas vezes, nosso maior objetivo, na verdade, é reduzir a sensibilização daquele paciente… que por longos períodos convivendo com a dor, fez com que o corpo dele acostumasse a mandar mensagens de dor para o cérebro de uma maneira muito mais fácil!
Então a gente pode passar antidepressivos para tratar dor, mesmo em casos aonde o paciente não tem depressão! E isso é muito importante ficar claro na consulta!
Mas vamos mergulhar de uma maneira mais detalhada nesse assunto….
Vias fisiológicas envolvidas na transmissão da dor e da depressão:
- Neurotransmissores: Tanto a dor crônica quanto a depressão estão associadas a alterações nos níveis de neurotransmissores, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. Essas substâncias químicas têm um papel crucial na modulação do humor e da sensação de dor.
- Sistema Nervoso Central: A dor crônica pode levar à uma sensibilização do sistema nervoso central, resultando em uma percepção amplificada da dor. Essa sensibilização também pode afetar áreas cerebrais associadas às emoções, aumentando o risco de desenvolver quadros depressivos.
- Resposta ao estresse: Ambos os estados, dor crônica e depressão, estão associados ao aumento da resposta do organismo ao estresse. Isso pode levar à liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que afetam negativamente o humor e podem contribuir para um ciclo de dor e sofrimento emocional.
O papel dos antidepressivos no tratamento da dor crônica:
Os antidepressivos, além de serem medicamentos amplamente utilizados para o tratamento da depressão, também têm demonstrado eficácia no alívio da dor crônica. Isso se deve, em grande parte, à sua capacidade de modular os neurotransmissores e a atividade do sistema nervoso central, ajudando a reduzir a percepção da dor e, por vezes, o sofrimento emocional que pode estar associado.
A dor crônica e a depressão estão interligadas de maneiras complexas, mas é possível encontrar alívio e melhor qualidade de vida com o tratamento adequado!
Lembre-se sempre de buscar o auxílio de um profissional de saúde para avaliar sua condição individual e determinar o melhor plano terapêutico para você.
Cuidar da sua saúde é minha prioridade, e estou aqui para ajudá-los em todas as etapas do tratamento.
Com Carinho,
Dra Camila Lobo, médica Especialista em Dor